Livro-me do cálice que transborda o líquido
Liberto-me da língua que liquida os ímpios
Limpando minha linguagem da sua cólera
Despojo-me do teu pudor
A lâmina da lança que penetra, lânguida
Fincando a garra, causa a fístula, cálida
Pincelo meu rosto singelo, tornando-o pávido
Com tuas tintas e teus pós, mágicos
Deusifico Lúcifer no lúgubre, lúdico.
Que atrás das asas de anjo estás, assim, lúbrico.
Transformando-me no teu modelo, teu molde.
Beijo julgando justamente Judas – o justo?
Crucifico meu Cristo, criador, inelutável.
O axioma me parece atávico
E meu cálice de vinho tinto, já tíbio.
Em água se transformará por definitivo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário